O que é?

O Grupo de Estudos “Luonnotar” é um projeto que visa à integração dos praticantes das mais diversas Tradições da Wicca. Sejam pessoas de Tradições Antigas, de novas Tradições ou somente solitários, que se reúnem 2 vezes por mês para a troca e compartilhamento de conhecimentos e experiências sobre a filosofia e liturgia Wiccaniana. O Grupo de Estudos não é um Treinamento oferecido por “mestres” ou Alto-Sacerdotes, e nem possui o objetivo de iniciar pessoas ou criar elos religiosos tais como os que existem em um Coven ou Grove. O Grupo de Estudos “Luonnotar” é tão somente, a vontade de um número de pessoas em se reunir e trocar experiências e conhecimentos sobre a Wicca de forma efetiva. Exatamente por isso, estamos abertos a receber pessoas diferentes, pois acreditamos no poder da diversidade e da troca e compartilhamento. Não existem requisitos específicos para participar, a não ser, é claro, dos pré-requisitos básicos. Isso significa que não se faz necessário ser um “expert” em Wicca, ou ter dezenas de anos de prática religiosa. A intenção é justamente levar informação àqueles que não possuem uma fonte confiável de estudo, e que carecem de aprendizado.
Os Sacerdotes que possuem uma vasta e já bem definida prática, também são bem-vindos, exatamente para direcionar e centrar o estudo daqueles que são chamados Neófitos.

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Quais os pré-requisitos?

Para participar do Grupo de Estudos, criamos uma pequena lista de pré-requisitos divididos em duas ordens:

Necessidades Interpessoais:
1° Possuir uma real vontade de aprender e ensinar a filosofia e a liturgia Wiccaniana;
2° Possuir responsabilidade e comprometimento, além de seriedade;
3° Se conduzir por respeito mútuo, principalmente no que se refere à Diversidade;
4° Ser participativo, ativo e comunicativo. Essas características não são necessárias para se tornar um participante, mas são imprescindíveis para um desenvolvimento satisfatório do Grupo.

Necessidades para Participação:
1° Ser maior de 18 anos. Caso seja menor, é necessária a autorização expressa do responsável;
2° Possuir disponibilidade por dois Domingos de todo mês, nos horários especificados;
3° Realizar a inscrição através de um questionário a ser analisado pela organização.

Como vai funcionar?

Os encontros serão presenciais nas datas pré- agendadas. Os participantes deverão estar munidos de papel e caneta, e quando necessário deverão responsabilizar-se pelas suas cópias de prováveis textos fornecidos através de uma contribuição no valor da “Xerox”. A cada encontro discutiremos diversos assuntos relacionados de uma forma direta ou indireta à Wicca, em forma de apresentação facilitada pela organização, seguida pelo debate participativo e concluída mais uma vez pela organização e participantes. Todos os participantes possuirão uma ficha pessoal, onde serão marcados: presença ou falta e participação ou inércia. Essa ficha não possuí caráter avaliativo, mas sim de análise do próprio participante em relação ao desenvolvimento dos encontros. Os membros do grupo poderão participar da forma que julgarem necessária, trazendo por exemplo, suas experiências, conhecimento e até mesmo dons artísticos.

Quando são os Encontros?

Os Encontros se darão em dois Domingos de todo mês, intercalados e pré –agendados.

Onde?

Os Encontros acontecerão no espaço da Secretaria de Educação Ambiental, no BOSQUE MAIA, em Guarulhos.

Quais temas serão abordados?

- Conceitos Históricos;
- Conceitos litúrgicos;
- Conceitos Práticos e Prática Pessoal;
- Estudos Básicos;
- Estudos Complementares;
- Círculos de Leitura.

Tenho dúvidas ou gostaria de me inscrever:

INFORME-SE ATRAVÉS DO E-MAIL: taliesinlefey@hotmail.com

OU LIGUE:
8662 5964 (Rafael)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Marcha Mundial pela Paz e Não-Violência em Guarulhos

Dia 16 de Dezembro a equipe fixa da Marcha Mundial, que acompanham o movimento desde o dia 2 de Outubro (com largada na Nova Zelândia) chegará em São Paulo. Não podemos deixar essa data passar em branco, não é mesmo?

Por isso, estamos organizando aqui em Guarulhos o nosso comitê, que será responsável pela divulgação da Marcha e realização de ações que estejam em consonância com o movimento.

Já temos um blog, onde você pode acompanhar as novidades. Não deixe de acessar!

Faça parte dessa Marcha. Uma Marcha pela Paz!

Sello oficial MM-PORT-4409

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O Mito de Luonnotar


Imagine um tempo antes do nascimento do próprio tempo. Imagine um tempo quando nenhum sol iluminava o céu sem cor. Quando nenhuma lua era refletida no mar escuro. Quando nenhum pássaro cantava na floresta, nenhum cavalo corria por vastos pastos, nenhum urso dormia em sua caverna fria. Imagine um tempo quando não havia ar, nem água, nem terra; nenhuma vida , nenhum nascimento, nenhuma música. Em todo o Universo, apenas três coisas existiam. Havia um rio, onde fluía uma mistura de possibilidades. Havia um espaço, vazio e negro, e sem ao menos uma estrela solitária. E havia uma garota. O rio era o poder em movimento no Universo. O espaço era o poder do silêncio. E a garota era filha de ambos. Seu nome era Luonnotar, criança da natureza. Vivia sozinha, sem irmãs, amigos ou companheiros. Não existia qualquer lugar para caminhar, por isso ela não caminhava; nenhum lugar por onde correr, por isso ela não corria. Ela nada fazia, além de repousar na tranqüilidade do espaço, observando o rio fluindo para a eternidade. Não existe nome para o que Luonnotar fazia. Não se pode dizer que ela estivesse dormindo. Dormir significa sonhar e sonhar significa sonhar sobre coisas, mas nada acontecera em toda a eternidade que Luonnotar se lembrasse, e os sonhos não podem surgir do nada. Mas também, não estava realmente acordada, o que significaria movimentos, conversas, cantos e dor. Luonnotar nada dizia ou cantava, pois nada havia acontecido para ser dito ou cantado. Luonnotar não sofria, mas também não se alegrava. Simplesmente, vagava e observava e esperava. Então, um dia – se é que pode haver “dias” onde o tempo não existe – alguma coisa aconteceu. Luonnotar sentiu um aperto no peito, como se seu coração estivesse machucado ou magoado. Ela se deitou, flutuando pelo espaço, nas cercanias do rio eterno, maravilhada com essa sensação. Na eternidade – mais lentamente do que você pode imaginar – ela percebeu que sentia algo. Ela sentiu o desejo e o vazio. E, de dentro daquele vazio, fluiu um rio de ansiedade, de querer e de desejo. O que ela desejava? Como ainda nada houvesse acontecido no Universo, Luonnotar não conseguia reconhecer que ansiava por movimento. Como ainda nada houvesse mudado, ela não poderia saber que desejava mudanças. Mas, depois daquele momento, quando, no frio do espaço, observando o rio negro fluindo ao seu redor, ela fez algo totalmente novo. Lentamente – mais lentamente do que você possa imaginar – Luonnotar teve uma idéia. Nunca, antes, algo semelhante havia acontecido no Universo, por isso levou um longo tempo para essa idéia ser formada. Depois de um tempo inimaginável, quando sua idéia estava completa e finalizada, Luonnotar sentiu-a como o nascer do primeiro sol de pensamento, brilhante e forte. Então ela agiu. Luonnotar mergulhou do espaço para o grande rio. Aconteceu em apenas um breve momento e já estava de volta à superfície. Embora o rio fosse infinitamente profundo, Luonnotar não afundou. Flutuando de costas, levantou os olhos para o espaço de onde ela saltara. Não havia luz, nenhuma estrela brilhante ou uma lua radiante ou um raio de sol, somente vazio e perfeito silêncio. Luonnotar repousou novamente, vagando através do Universo, nas ondas do rio que corria sob o espaço. Ela viajou por vastas distâncias mas era como se não se movesse. Por todos os lugares, tudo parecia igual: ainda eram apenas um rio, o espaço e uma garota. Entretanto, nenhum ato, mesmo que pequeno, é isento de conseqüências, pois tudo no Universo está conectado. O mergulho de Luonnotar mudaria tudo, para sempre. Levou um tempo sem fim para que essa mudança se revelasse, mas finalmente, algo aconteceu: uma pata nadou até Luonnotar. Uma pata... naquele Universo totalmente vazio, onde, até então, existira apenas um ser! Como isso veio a acontecer? Como, agora, havia dois? Isto aconteceu porque Luonnotar se moveu, mudando o eixo do Universo. Em seu desejo por mudanças, a garota criou um novo mundo, um mundo no qual uma pata podia existir. Luonnotar deitou-se muito quieta. A pequenina pata nadou pra lá e pra cá, observando a garota flutuando. Então, ela subiu no joelho de Luonnotar e se sentou, tranquilamente, fora do frio do grande rio. Em seguida, outra coisa aconteceu, algo tão belo que Luonnotar não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo: a pata botou três pequenos ovos sobre o joelho dela, o único lugar quente e seco em todo o Universo. O único lugar onde o futuro poderia “chocar”. Luonnotar ficou muito, muito quieta. Ela decidiu não se mover, mesmo que fosse o movimento mais insignificante. A pata sentou-se sobre seu ninho e os ovos ficaram mais e mais quentes. O futuro, com todas as suas diversidades, aproximava-se cada vez mais. Luonnotar desejou aquele futuro. Ela ficou tão ansiosa que aquela dor retornou ao seu coração, mas ela ignorou. Sua pele comichava sob as penas e os pequenos arranhões das patas membranosas da ave. Mas ela ignorou isso também. O futuro estava em jogo e ela queria protegê-lo. Assim, dia após dia, ela flutuava, totalmente imóvel. A pata sentada sobre os ovos; os ovos pousados sobre o joelho da garota; e a garota flutuando no rio do paraíso. Então, inesperadamente, a pata mudou sua posição e as penas de sua cauda causaram coceiras na pele de Luonnotar. Seu joelho se contraiu. Ela não fez de propósito. Aconteceu sem o seu controle. E não foi muito: apenas uma pequenina contração. Mas foi o suficiente. Luonnotar viu, horrorizada, os preciosos ovos rolarem de seu joelho para o rio cósmico. O que ela tinha feito? A única tarefa de toda sua existência, e tinha falhado! Teria arruinado tudo? Luonnotar viu os ovos baterem contra as ondas, temendo que afundassem e ficassem para sempre longe dos olhos. Seu medo era que o futuro poderia estar perdido no escuro rio do tempo. Em vez disso, os ovos se quebraram e se abriram. Maravilhas jorraram. As gemas se juntaram, formando uma esfera amarela que se elevou brilhante no céu. As claras uniram-se e formaram uma lua prateada. Os fragmentos das cascas cintilaram seguindo rio acima e resplandeceram em incontáveis estrelas. Na monotonia do espaço, onde Luonnotar nunca vira nada além do grande vazio, a luz surgiu. Foi mágico. E Luonnotar, de cujo desejo essas maravilhas nasceram, estava mudada. Ela mergulhou no rio celestial. Fundo, fundo ela mergulhou. Alguma coisa estava lá. Podia sentir aquilo chamando por ela. Lá estava! Luonnotar avistou um pedaço de lama na escuridão sob o rio. Ela agarrou um pouco em suas mãos e nadou para a superfície. Lá, flutuando de costas, formou, sob seu ventre, um cone com a lama. Quando ela o colocou cuidadosamente na superfície do rio, ele se elevou, transformando-se em uma montanha. Ela mergulhou novamente, repetidas vezes. A cada vez que retornava com as mãos cheias de lama, criava algo novo. Numa hora, era uma ilha, noutra um vale sem árvores. Furiosa e alegremente, Luonnotar trabalhou. Construiu penínsulas e continentes, altos cumes e férteis planícies. Ela esculpiu o traçado dos rios e escavou a terra formando lagos. No céu, inspiradas pela criatividade de Luonnotar , as pequenas estrelas se uniram, formando símbolos e desenhos. A lua aprendeu como mostrar suas faces mutáveis para terra. O brilho irradiante do sol aprendeu a nascer e a se pôr, dividindo, em dias, o tempo-sem-fim. Quando Luonnotar construiu a terra, esta explodiu em exuberância. Flores vermelhas surgiram de trepadeiras. A grama ondulou suavemente ao sabor do novo vento, e pequeninas flores surgiram, de repente, por entre rochas duras e cinzentas. E, então, surgiram os animais, crianças da nova terra. Os pássaros encheram a floresta com música os cavalos correram sobre a grama ondulante. Nas cavernas, ursos faziam suas frias tocas. Os macacos faziam algazarras nas enormes árvores das selvas. As baleias imergiram profundamente, nas frias águas oceânicas. E sobre os picos nevados, as águias alçavam vôo e atingiam grandes altitudes. Por fim, cansada, a Criadora sentou-se numa alta montanha. Luonnotar ergueu os olhos para o céu brilhante e olhou ao redor para a terra verde e para o profundo azul das águas que faiscavam sob o novo sol. Ela olhou para tudo que tinha feito e soube que era bom.

Fonte: “Garotas Selvagens – O Caminho da Deusa Jovem”, Patricia Monaghan
Ed. Gaia (Coleção Gaia Alemdalenda) – São Paulo, 2003


INTERPRETANDO O MITO


Posteriormente, conheceremos a fundo o que é a mitologia, e qual a sua importância para a humanidade. Este será um dos diversos assuntos que farão parte do nosso quadro de estudos. Porém, neste primeiro momento, julgamos ser deveras importante, expor e analisar o mito finlandês da Criação através da Deusa Luonnotar, uma vez que é desse mito que extraímos o nome do nosso Grupo.

A Finlândia é um dos países que formam, junto com Suécia e Noruega o que chamamos de Escandinávia, ou seja, a península subártica. Lá, estes povos possuem uma rica cultura que durante milhares de anos permaneceu intacta através de contadores tradicionais de histórias. Desde senhoras às jovens, muitos são os mitos preservados pela tradição oral.
Um desses mitos, e talvez o mais conhecido pelo povo finlandês, é o de Luonnotar, a garota que deu origem a tudo o que existe.

No início do mito percebemos o vazio do qual era feito o Universo. Nada realmente existia, a não ser o Espaço, um Rio e uma Garota, Luonnotar. Se analisarmos através de um olhar filosófico e simbólico, veremos que assim o é até hoje. O Espaço representa de forma clara o ambiente, o local onde vivemos, que aliás, também chamamos de “espaço”. O Rio nada mais é do que o fluxo de tudo, a forma como as coisas acontecem, afinal um rio nunca tem seu fluxo interrompido, ele é pura fluidez. E a Garota é um arquétipo que representa todos nós, e principalmente a forma como nos relacionamos com o fluxo da vida e o ambiente em que vivemos. A solidão de Luonnotar que é descrita no mito, evidencia e reafirma que nossos pensamentos são ímpares e nos tornam solitários em relação aos demais. Cada um de nós possui uma forma diferente de “enxergar” as coisas a nossa volta.

Vivemos nitidamente, guiados por padrões e conceitos que não são exatamente nossos. Em muitos momentos sentimos necessidade de mudar, de conhecer algo novo, de passarmos por uma profunda transformação. Porém não nos damos conta disso, e passamos a nos sentir estranhos, como se estivéssemos realmente machucados, magoados com algo. Algo nos incomoda, fazendo com que ansiemos por algo que também não definimos. Neste estágio, muitas pessoas entram em depressões ou passam por sérios problemas psicológicos. Isso é justificável, pois o ser humano está em constante desenvolvimento. Negar isso faz com que neguemos nossa própria evolução, o que não é algo natural, e conseqüentemente passamos por alguma reação a essa atitude de negação. Vivemos segundos padrões tecidos pela sociedade, e grande parte da população se tornou alienada em relação a esses padrões. Alienados religiosos, políticos, sociais e até mesmo, e principalmente, culturais são os que lotam a demografia do Planeta Terra. Existem, porém, aqueles que procuram a mudança, que anseiam por transformação. E enlevados por esse desejo se deixam guiar pelo fluxo da mudança e, assim como Luonnotar, mergulham no rio da vida onde o poder do movimento impera. E como cada ação possui uma reação, a mudança traz a transformação e coisas novas surgem. No mito de Luonnotar, após mergulhar no rio que a cercava, a garota viu uma pata, que era resultado de seu desejo por mudanças. A Garota criou um mundo onde uma pata podia existir. Isso também acontece quando mudamos algo necessário, inclusive em nós mesmos: um mundo até então desconhecido, surge. Em alguns casos, logo queremos desvendar esse novo mundo, essa nova vida. Mas em sua grande maioria, temos medo e receio de trilhar o novo caminho. Criamos obstáculos e mais obstáculos que nos impede de enxergar a maravilha que é o novo. Somente observamos, assim como Luonnotar “os ovos sobre os nossos joelhos”. Mas o novo é incontrolável. Ele anseia por vida, ele anseia por se fixar e se tornar real. Como um estopim, um pretexto para conflagração, e sem o nosso controle, o novo domina o cenário de nossa existência, e nos traz experiências surpreendentes. “O ovo se quebra”. O medo se transforma em admiração. Podemos enfim, perceber a grandiosidade que é o desejo por mudança, a cupidez pelo novo.

O grupo de estudos Luonnotar foi idealizado exatamente dessa forma: através do desejo por mudança. A curiosidade e a vontade de transformação da Deusa, através de sua face jovem, como a garota Luonnotar, define o tipo de energia que esperamos compartilhar em nossos encontros. Indagando, debatendo, esclarecendo os mais importantes assuntos que formam a base da Religião Wicca, tão deturpada pela sociedade atual, entraremos em contato direto com Luonnotar, com a Deusa.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Papel da Família na Escolha Religiosa

O principal agravante em relação à Wicca se encontra na Família. Vivemos em uma sociedade castradora, patriarcal e que perpetua a ignorância. Exatamente por isso existem o preconceito, a discriminação e as diversas formas de exploração cultural tão presentes no nosso cotidiano. No quesito religião não seria diferente. Mas como contornar essa situação? Bem vamos entender o enredo do assunto.
Atualmente, a massa de jovens que conhecem e procuram se iniciar na Wicca é muito grande. Talvez, este fato tenha sua causa na grande popularidade que a Wicca vem tomando através da mídia. Diferente do que muitos acham, isso não é de forma alguma um fato ruim. Muito pelo contrário, pois depois de tanto tempo de subversão ocasionada pelo advento das religiões cristãs e patriarcais, se faz importante a dissolução de certos estigmas que ainda persistem. E a mídia entra nesse momento, oferecendo um espaço aberto para discussão e desmitificação. O único problema é que a televisão não tem opinião, e na mesma emissora onde a Bruxaria é defendida, vemos a perpetuação da velha Bruxa nariguda, suja, fedida e velha, quando não, a "Magia Negra", que liga a Bruxaria ao Satanismo e faz com que a imagem da Wicca fique ainda mais vulgarizada. Com todos esses agravantes, as pessoas acabam que tomando por si o preconceito em relação a tudo aquilo que está ligado à Bruxaria, tal como a própria Wicca.
Comigo não foi diferente. Aos dez anos de idade uma colega me chamou a atenção ao me perguntar: "Você quer ser Bruxo?". "Claro!". Claro que respoderia isso. Toda criança sonha em ter poderes, assim como os seus super-heróis. Na época o filme "Jovens Bruxas" estava no auge de sua repercussão. Meninas e mais meninas andavam por aí vestidas de preto, com uma cruz invertida no pescoço, e se auto-intitulando "Nancy" (A personagem principal do filme). Bruxaria passou a ser tema de tudo. Desde festas de aniversários, à lojas de roupas e produtos esotéricos. Claro que queria ser bruxo, já pensou?! Quantos poderes eu não teria? Como poderia me vingar dos meus inimigos, imaginem só! Pois é, eu estava enlevado em uma ilusão sem precedentes, não é mesmo?!
Essa fase logo passou, mas o meu fascínio pela Wicca jamais morreu, e o que eu fiz foi ler, estudar aquilo que tanto me instigava. Aos doze anos eu já possuía uma certa bagagem a respeito da Antiga Religião. Por incrível que pareça com apenas doze anos eu já conseguia discernir sobre o que era realmente a Wicca. Estava feliz, satisfeito e vivendo em uma constante busca de aprendizado. Achava que tudo já estava em seu perfeito lugar, e que agora em diante só bastava aprender cada vez mais. Mas havia um porém: Minha família.
Até onde sei, toda a minha família era cristã. Ou seja, todos acreditavam de certa forma em Jesus Cristo, e o honravam, mesmo que não necessariamente da mesma forma. Minha avó é Espírita Kardecista, Benzedeira, e já havia participado de Centros de Umbanda. Minha mãe é Católica. Enfim, toda a família já possuía a sua opinião formada a respeito de Bruxaria, Bruxas e Feitiçaria. Pensei: "não há necessidade de falar nada para eles. Para quê? Se eu sei o que eles vão fazer!". Bem, eu estava enganado! Começaram a surgir os rituais públicos, e eu gostaria de participar. Conhecer outros pagãos, outros bruxos, vivenciar a Wicca, celebrar a Deusa. Lembremos: Eu tinha apenas 12 anos. Era necessário a autorização expressa de meus responsáveis para participar dos ritos. De uma forma ou de outra eu teria que contar, não é mesmo?
Assumo que foi muito difícil, e eu enrolei muito antes de contar realmente. Mas antes de sair por aí dizendo que é pagão, Wiccaniano e que pratica Bruxaria é necessário rever muitas coisas. Primeiramente o estudo é realmente muito importante, e quando insisto neste tópico as pessoas me veêm como um chato radicalista. Mas não se pode aprender a liturgia e a filosofia da Wicca comprando revistinhas em bancas de jornais. Essas são importantes para acrescentar algo ao nosso aprendizado. Não se pode negar que o estudo traz conhecimento, e que a vivência traz a experiência. Wicca não é uma religião de livros, mas ao contrário, de prática. A Wicca deve ser vivida, sentida e engloba uma série de atitudes e conduta pessoal. Por isso antes de dizer aos seus pais que resolveu virar Bruxo (a), conheça suficientemente bem a prática da Antiga Religião. Aí, depois da experiência, e se ainda se sentir atraído pela Arte da Deusa, reflita em como dizer isso aos seus tutores.
O melhor conselho que dou, é deixar bem claro a questão do respeito. Com esse carnaval cultural a que estamos submetidos, as famílias possuem a falsa idéia de que somente os mais velhos devem ser respeitados. Sabemos que isso não é verdade! O respeito em todas as áreas do convívio humano deve ser mútuo. Os filhos devem respeitar seu pais. Os pais devem respeitar os seus filhos. Depois, nada melhor do que um banho de história. Neste momento você já deve ser expert em História, pois a Arte está intimamente ligada à Antropologia, Arqueologia e demais estudos da História e Desenvolvimento da Humanidade. Explique os fundamentos da Wicca. Desmitifique velhos estigmas que estão relacionados à Bruxaria, como por exemplo o Satanismo e o Sacrfício de Animais, que nada tem a ver com a Magia, que é uma forma natural de religiosidade. Mostre-se (e seja!) preocupado com as questões ambientais, afinal de conta a Deusa é a própria Terra. Isto tudo implica em muita conversa, e ninguém melhor do que você para conhecer o tempo de seus pais, isto é, a forma como contar a eles a sua escolha religiosa. Lembre-se que no Estatuto da Criança e do Adolescente existem Artigos e mais Artigos que asseguram o direito de opção religiosa a menores. Mas acima de tudo, saiba respeitar o seu próprio tempo e o tempo de seus tutores.
Este assunto é muito complexo, e não é com um texto que resolveremos todas as questões religiosas com a nossa família. Existe muito a ser dito. Mas como costumo dizer: Tudo ao seu tempo.
Finalmente, quero deixar bem claro que não estou incitando a rebelião de adolescentes para com as suas famílias. Não! Muito pelo contrário, acredito e peço sempre para que haja respeito mútuo entre os seres humanos. Mas é necessário inverter esse quadro de discriminação e preconceito que muitos jovens vivem dentro de suas próprias casas. O seio da família deve ser um lugar de acolhimento e amor fraterno, e não de perseguição religiosa. O Divino possui muitas formas de se mostrar a nós, seres humanos. Portanto, o fato de cada um de nós encararmos o sagrado de uma forma diferente comprova o quão grande Ele realmente é, e não que uma forma desmoraliza a outra. Uns se sentem bem no verão, e outros no inverno, entende?
Espero, porém, ao passo que publico textos de minha autoria nesse Blog, oferecer um cantinho para os jovens, que assim como eu, necessitam de tantas respostas às suas indagações.
Peço, acima de tudo, muita calma! Nunca se esqueçam: Tudo ao seu tempo!